Enfim, aprendendo a nadar
Eu tenho uma lista das coisas que quero fazer antes de morrer. E uma delas é aprender a nadar.
Quando eu era criança, parece que foi ontem, rsrsrs, eu
pulava no rio perto de casa sem medo nenhum. Voltando da escola, parava no
riozinho e junto com as outras crianças, ficávamos brincando nessa água. Devia
ter uns oito, nove anos. Até uma vizinha ficar sabendo e contar ao meu pai,
dizendo que era um absurdo uma menina ficar só de calcinha com outras crianças
nadando no rio. Eu não entendi porque, sério! Na minha cabeça e nas cabecinhas
dos meus amigos não existia nenhum motivo para ser “absurdo”. Será que ela
queria que entrássemos na água de uniforme? Nós éramos inocentes, a maldade
estava na cabeça dos adultos.
Eu podia ter aprendido a nadar nessa época, se não fosse a caguetagem
da vizinha e a proibição paterna... Tava quase...
Eu adorava água! E quando chovia? Na minha rua fazia uma
enxurrada. Adorava chuva. Um dia perdi a chave de casa na enxurrada. Para você,
leitor(a) entender melhor, minha rua era de terra, daquela clarinha, misturada
com muita areia, a enxurrada levava a areia, mas não formava buracos. Bom, a
chave caiu e por azar, ou sorte, ela não tinha chaveiro, então fiquei muito tempo
de joelho no chão, passando a mão na areia abaixo da água para encontrar a
chave. Era necessário e indispensável, primeiro porque não conseguiria entrar em
casa e segundo porque como iria explicar para meu pai? Pois pode ter certeza
absoluta, minha irmã iria contar para meu pai como perdi a chave... Eu achei! O
medo faz coisas incríveis conosco!
Nessa mesma época, o irmão de uma menina que estudava comigo
morreu afogado em uma lagoa que tinha próximo a minha casa. Lembro como ficamos
vendo o trabalho dos homens que retiraram o corpo dele da água. Foi difícil pois
ele estava com o braço dobrado em volta de uma plataforma de madeira. Lembro desse
momento. Ele estava de costas para nós e estava nu. Éramos muitas pessoas vendo
a cena. Marcou profundamente. Ele tinha uns quatorze anos.
As minhas primeiras vezes no mar foram incríveis, eu não
tinha nenhum medo, pelo contrário, as pessoas que tinham por causa da minha
ousadia, ou inconsequência.
Com a idade fui ficando mais medrosa, hoje respeito o mar e
muito, para não dizer que tenho medo...
Durante toda a minha vida, mais de meio século de existência
sempre tive vontade de aprender a nadar e nunca tive a oportunidade e tempo e
dinheiro alinhados para fazer um curso. E eis que agora, no meio de uma
pandemia os três fatores se alinharam e eu comecei a fazer aulas nessa semana.
Estou super feliz com isso. Minha primeira aula foi o máximo. Delicia estar
dentro da água e começar a aprender...
Comentários
Postar um comentário