Envelhecer bem - contar ou não contar?

 




A Larissa e eu conversávamos sobre assuntos aleatórios quando ela saca a pergunta: titia, se você visse namorado de uma amiga com outra pessoa, aparentando uma traição, você contaria para ela?

(Não sei de onde uma menininha de seis anos, tira essas coisas...)

Pensei em como deveria responder, afinal, nunca se sabe qual é a intenção da criança. Respondi que não contaria, a Silvia de hoje se omite e fica quietinha. Ela não gostou da resposta, insistiu ser uma amiga e devemos ser leais.

Comecei a explicar que:

1.     não sabemos direito o que está acontecendo, será que era mesmo uma traição?

2.     se for, não sabemos quais os acordos que existem nesse relacionamento, tácitos ou implícitos.

3.     Não é da nossa conta, cada um cuida da própria vida.

4.     Se houver um caos, várias pessoas podem ser prejudicadas, você quer ser a mensageira do caos?

5.     Se eles brigarem e voltarem as boas depois, quem ficará com o papel de vilã? Sim, a mensageira do caos.

Não contei para ela, mas lembrei-me de dois episódios na minha vida, um deles, uma pessoa que considerava muito estava sendo traída pelo marido, todas pessoas a volta sabiam, como é de praxe.  A situação era constrangedora e pensei que deveria conversar com ela. Perguntei porque ela aceitava tudo e não tomava nenhuma decisão. Ela respondeu que não era hora, nem o momento adequado e não era da minha conta a vida dela e nem como deveria conduzi-la. Fiquei muito indignada, acreditava ser preciso tomar alguma atitude. Na época era jovem e impulsiva.

Ela respondeu que cada um sabe da própria vida, onde lhe aperta o calo e que não são as pessoas de fora que devem dar palpites. A situação ficou constrangedora porque ela “sabia que eu sabia”, e tinha consciência que eu não aprovava o comportamento dela.

Outra situação que vivi, foi com uma amiga também, alguns anos depois desse. Estávamos conversando e ela falou estar cansada das amigas dela vierem falar que viram o marido dela com outras mulheres, como que a alertando. Continuou dizendo que não lhe interessava saber, pelo contrário, que assim estava tudo bem. Ela falou: não quero saber, porque se “souber” tenho que ter uma reação e no momento não me interessa reagir. Falou a mesma coisa da outra com as palavras diferentes, falou que não sabendo, não precisaria tomar atitude nenhuma e ainda era “recompensada” pelo marido culpado.

Os relacionamentos entre casais dizem respeito apenas ao casal, somente os diretamente envolvidos sabem quais são os acordos tácitos e/ou implícitos nessa relação. Em muitas ocasiões está perfeitamente bem para eles, e vem um sapo de fora chiar e complicar tudo. Você quer ser o sapo de fora? Você quer ser o mensageiro do caos?

Sílvia de antigamente pode até ser que contasse para a amiga, a Sílvia de hoje não. Não contaria porque eu não sou legal? Não contaria porque não me diz respeito, não sei quais são os acordos entre eles, não sei das histórias, não sei de nada, como  posso interferir algo que eu não tenho conhecimento?

Ser mensageiro do caos só prejudica o próprio mensageiro e outras pessoas que não tem nada a ver com a situação em questão, tipo familiares, filhos, pais, pessoas que não tem como se proteger nessa situação.

 

 Resumindo: Viva sua própria vida e deixa o outro viver a dele. 

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