Perrengues de Pitchula - anzol no corpinho

 


 

    Foi tudo tão rápido… eu estava correndo com a Kika, passei perto da garage e senti uma dor, uma queimação, não sei bem o que aconteceu. Pegaram-me, fuçaram no meu corpo, puxaram meu couro e tentaram tirar o que estava me machucando, não conseguiram. Deixaram o anzol lá, não me incomodava, sei que vivi um bom tempo com ele alojado nas minhas costas. Não sentia nada.

 

A Lirta e Albertino, foram morar no rancho também fugidos do caos de São Paulo, eram pessoas legais, convivíamos esporadicamente. Certo dia, estávamos na casa deles e a Pitchula brincava, correndo com a Kika, a companheira peluda da Lirta, o quintal era grande e as duas faziam uma tremenda folia, até que as cachorras passaram por umas varas que estavam encostadas na parede, a Kika desviou, a Pitchula não. Se emaranhou nas linhas e um anzol entrou no ombro direito dela. Tentamos tirar, mas como o anzol tem aquelas farpas que enfiam quando sai, ou seja, se insistíssemos iria machuca-la mais, cortamos a “bundinha” do anzol e tentamos tira-lo pelo lado da farpa, no sentido dessa, não conseguimos. Como ele estava sob o couro, não penetrara na carne, resolvemos deixa-lo lá dentro, pois se forçássemos poderíamos machucá-la ainda mais. Sabíamos que a tendência é formar uma capsula em volta dele e que não faria mal, e assim fizemos. Realmente, depois de um tempo, sentíamos o anzol encapsulado. Não incomodava a pequena em nada.

 

A população do Tapiá está aumentando, no começo era apenas a Silvia e o Miguel, depois veio o senhor Pedro, o senhor Euzébio e a esposa, eles tinham um filho com limitações físicas e cognitivas, e como animal de estimação, um papagaio. Aliás, esse
papagaio fugiu e eles sofreram muito com a perda do bichinho, ela vivia procurando-o e chamando. Coitada, deve ser muito ruim não saber onde está seu animal de estimação. Como sei de tudo? Ora, presto atenção.

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